Diariamente recebemos diversas perguntas pedindo dicas sobre áudio em igrejas e casas de culto em geral. Todas sempre muito interessantes e algumas até inovadoras, as perguntas abordam os mais variados temas, envolvendo microfonação de instrumentos ou da congregação, que tipo de microfone usar para o pastor, bispo ou palestrante, como utilizar sistemas sem fio e outras.

Resolvemos separar algumas das mais recorrentes para ajudar você a deixar o áudio de sua igreja ou casa de culto ainda melhor. Vale lembrar que as dicas aqui valem não apenas para igrejas, mas para templos religiosos e casas de culto em geral, por isso não vamos usar termos como “pastor”, “bispo”, etc., apenas o termo “palestrante” para nos referirmos a quem está conduzindo o culto. O mesmo vale para “igreja” para nos referirmos à casa de culto.

Não existe uma fórmula mágica que sirva para todas as situações, afinal a acústica e o sistema de áudio de cada igreja é diferente. O que sugerimos nessa postagem é uma maneira geral de enxergar a microfonação e cabe ao técnico de cada igreja escolher a melhor opção para seu templo.

DICA 1: Microfone do palestrante

Pode ser utilizado um microfone com fio de mão ou um sistema sem fio, idealmente com cápsula cardióide ou supercardióide – independentemente de ser bastão, lapela ou headset. Se houverem retornos de chão com a voz dele, o ideal é deixar os retornos sempre a 45º do microfone, nunca imediatamente à frente do mic!

Outro opção é um microfone gooseneck no púlpito. Nesse caso, recomendamos a cápsula cardióide e, se houverem retornos de chão, também a 45º nas costas do microfone. Nunca utilize um microfone omnidirecional se a vor do palestrante for enviada ao sistema de PA.

DICA 2: Microfonando o coral

Nesse tipo de aplicação, o objetivo é captar múltiplas fontes sonoras ou podemos ainda imaginar o coral como uma fonte sonora mais “larga” ou ampla. Nem sempre um só microfone é capaz de captar de forma adequada essa grande fonte sonora e, obviamente, o uso de mais microfones pode ser necessário, o que nos introduz a alguns princípios básicos (como a regra do 3-para-1 descrita adiante).

Usando apenas um microfone, o posicionamento ideal é um pouco acima da cabeça dos cantores da primeira fila do coral e instalado bem no centro do coral (seja fixado no teto ou em um pedestal). Nessa configuração, um microfone cardióide é capaz de captar bem entre 15 e 20 vozes distribuídas de forma retangular ou trapezoidal. Se o coral for maior ou tiver formato diferente, vai ser necessário utilizar mais microfones e para isso é importante respeitar algumas regras:

• Use o menor número de microfones possível. Quanto menos, melhor!
• Evite captar o mesmo cantor do coral com mais de um microfone.
• Divida o coral em seções e determine qual seção cada microfone vai captar. Aproveite a divisão natural do coral, se ela existir.
• Se a divisão do coral for por tipo vocal (soprano, tenor etc.), considere cada parte como uma seção.
• Se o coral for uma só divisão e for grande, utilize a seguinte regra de espaçamento entre os microfones: um microfone a cada 2 ou 3 metros.
• Se o coral for profundo (mais de 6 ou 8 filas), considere duas seções de 3 ou 4 filas (metade) e ajuste os microfones de 2 a 3 metros de distância lateral um do outro.
• Um par de microfones estéreo podem ser uma excelente opção também, oferecendo captação natural e vibrante.
• Muita atenção à regra do 3-para-1 (explicação abaixo).

Uma regra muito especial é a regra do 3-para-1, pois ela não causa qualquer transtorno “forte” como uma microfonia ou um ruído no áudio, mas causa um efeito devastador; comb-filter ou filtro pente.

Comb filtering acontece quando mais de um microfone captam o mesmo som e esses microfones estão a distâncias diferentes da fonte sonora. Isso causa o corte de diversas frequências na faixa audível comprometendo o áudio final, que fica sem brilho, “magro” e estranho. Para evitar isso, a distância entre um microfone e outro deve ser pelo menos 3 vezes a distância de qualquer um dos microfones para a fonte sonora. Ou seja, se você estiver usando 3 microfones e sua fonte sonora estiver a 10cm de algum deles, a distância entre eles (de um para o outro) deve ser de pelo menos 30cm.

Em geral, não é necessário colocar muito volume no PA dos microfones do coral, pois o próprio volume do coral já é bem alto e preenche bem o ambiente. E, claro, quanto mais longe esses microfones estiverem do PA, melhor! Não recomendamos o uso de microfones omnidirecionais nessas situações, porém já vimos algumas aplicações específicas onde eles funcionaram muito bem.

DICA 3: Microfonando o público

Em algumas situações é interessante captar o áudio do público, como em gravações ou transmissões broadcast de cultos e eventos festivos. Nesse caso, o ideal é utilizar um microfone estéreo pendurado sobre a platéia ou, se não for possível, utilizar um mic cardióide no palco apontado diretamente para o público. É muito importante manter um volume separado desse mic e mixá-lo com o resto no último momento – e, claro, jamais enviar o áudio dele de volta para o público. Dica importante: cuidado para não apontar esse microfone para a parede do fundo da igreja, pois você vai captar reverberação, retorno do PA e outros sons indesejáveis!

DICA 4: Microfonando a banda

A microfonação da banda deve ser feita de forma semelhante a shows e eventos musicais. Microfones próximos às fontes sonoras, apenas a quantidade de microfones necessários, nenhum microfone direcionado às caixas do PA ou do retorno. Preferencialmente, a banda deve ficar o mais distante possível do palestrante ou de algum convidado que tenha o microfone aberto.

DICA 5: Regra Geral

Regra Geral: Lembre-se que se o áudio que você está captando será enviado ao PA, o microfone deve estar O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL da fonte sonora e se essa distância for maior de 30 cm. (aproximadamente) é muito difícil conseguir um nível de ganho aceitável sem causar microfonia.

Esperamos que esse artigo tenha não apenas informado, como contribuído para elucidar e acima de tudo abrir portas e derrubar barreiras. E no mais, estamos aqui para empenhados e dar todo suporte necessário para não apenas ajudar a solucionar os eventuais contratempos técnicos entre você e seu equipamento, como também abrir um canal direto e amigável de comunicação. Conte conosco!

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